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JI ONLINE - MEMÓRIA : Comitiva oficial inaugura privada no Guaxanduva
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- Privada inaugurada no Guaxanduva
Até o início de 1950, moradores de Joinville sofriam muito com a proliferação da malária, uma doença febril e infecciosa transmitida pela fêmea do mosquito Anopheles, infectadas por Plasmodium. Ações da Campanha de Controle e Erradicação da Malária, serviço subordinado ao Ministério da Saúde, conseguiram vencer a guerra contra o mosquito transmissor.
Erradicada a malária, parte da população, principalmente crianças, continuaram sofrendo vitimas de verminoses. Por volta de 1963, através de convênio com o DNERu - Departamento Nacional de Endemias Rurais -, também subordinado ao Ministério da Saúde, a Prefeitura de Joinville construiu 600 fossas secas, na época também conhecidas por "sentinas".
A iniciativa da Prefeitura se revestia de grande importância para a saúde pública do município. Tanto é verdade, que à inauguração da primeira unidade compareceu o prefeito Helmut Fallgatter, autoridades ligadas à saúde e representantes do jornal A Notícia e Rádio Difusora. Se inauguração de benfeitorias geralmente encantam pela aspecto, uma pequena casinha para urinar e defecar, montada sobre uma base construída na borda de um buraco cavado na terra, é uma imagem que não causa admiração, pelo menos sem uma detida análise.
A casa que recebeu a primeira fossa estava localizada no Guaxanduva, depois da entrada bairro Espinheiros, sentido Boa Vista Iririú, atualmente bairro Comasa. Para o ato inaugural a presença do proprietário e chefe da família foi considerada indispensável. Pessoas que o conheciam enviaram um emissário até a Fundição Tupy, onde trabalhava. Pouco depois, um tanto assustado pela presença de automóveis em frente à sua casa, chegava o morador.
Helmut Fallgatter - Prefeito 1961/1965 Nasceu em Curitiba 29/8/1909 - Faleceu em novembro de 2000, aos 91 anos.
Com um papel anotando nomes, a começar pelo morador, Nerval Pereira, do jornal A Noticia, sempre espirituoso, não perdia oportunidade para brincadeiras. Ao observar a fisionomia de indagação estampada no rosto do dono da casa, foi logo adiantando; "nós viemos inaugurar a suaprivada".
Repórter da Rádio Difusora, eu estava com um gravador portátil marca Philips, novidade na época. Esperava levar os discursos do ato inaugural registrados em fita magnética para posterior edição e reprodução. Já havia transmitido missas, velórios, comícios, sessões legislativas, inaugurações, e até briga de galos, mas nunca pensei que um dia faria a transmissão da inauguração de uma privada.
Muito embora importante para a saúde pública, se tratava de uma inusitada cobertura jornalística. Nerval lançou uma indagação; como se faz a inauguração de uma fossa ? A pergunta feita junto a um grupo de pessoas não ficou sem resposta. Ora, quem inaugura obras da Prefeitura é o prefeito! Respondeu alguém - Será que ele tomou laxante ? - respondeu Nerval.
Com a gravação do discurso do prefeito destacando a iniciativa da Prefeitura no combate à verminose, retornei à sede da Radio Difusora que ficava na rua Pedro Lobo. A reportagem foi ao ar no mesmo dia. Por atacar um problema de saúde pública que incluiu a divulgação de informações para a adoção de hábitos capazes contribuir para eliminar as verminoses, o assunto ganhou grande repercussão. (Livro "Memórias de um Repórter Joinvilense" - obra sensação da 16º Feira do Livro de Joinville/Editora Areia/2018.
Ary Silveira de Souza - editor do JI Online
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